A Doença Inflamatória Intestinal (DII), que inclui a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, é uma condição crônica que afeta o sistema digestivo. Caracterizada por períodos de inflamação intensa, a DII pode impactar a qualidade de vida, causando sintomas como dores abdominais, diarreia, fadiga e perda de peso. Uma dúvida comum entre pacientes e familiares é: “A DII tem cura?”
Embora ainda não exista uma cura definitiva para a DII, é plenamente possível que o paciente leve uma vida normal se a doença estiver bem controlada. Com o acompanhamento médico adequado e o controle dos sintomas, muitos pacientes conseguem voltar a atividades regulares, praticar exercícios, trabalhar e socializar. O segredo para isso está em atingir e manter a chamada “remissão”, que é o estado onde os sintomas são minimizados ou ausentes, permitindo uma vida mais saudável e confortável.
A natureza oscilante da Doença Inflamatória Intestinal e a importância do acompanhamento médico
Um dos principais desafios da DII é seu caráter oscilante. A doença pode alternar entre períodos de atividade intensa, chamados de “crises” ou “flares”, e períodos de remissão, nos quais os sintomas são minimizados ou ausentes. Esse padrão imprevisível torna essencial o acompanhamento médico contínuo, pois a ausência de sintomas não significa que o intestino esteja livre de inflamação.
Manter um acompanhamento regular permite monitorar a saúde do intestino e ajustar o tratamento conforme necessário, prevenindo crises e complicações que podem ocorrer mesmo durante a remissão. Com consultas periódicas e exames de imagem, como a colonoscopia, é possível detectar e tratar inflamações ocultas antes que se tornem problemas graves.
STRIDE e a busca pela remissão endoscópica
Para avaliar se o tratamento está atingindo a eficácia necessária, médicos e especialistas utilizam parâmetros e diretrizes, como o STRIDE (Selecting Therapeutic Targets in Inflammatory Bowel Disease), que orientam os objetivos terapêuticos na DII. O STRIDE recomenda que o objetivo do tratamento seja não apenas o controle dos sintomas visíveis (remissão clínica), mas, sobretudo, a remissão endoscópica – a cura da mucosa intestinal.
A remissão endoscópica é fundamental para evitar complicações de longo prazo, como estreitamentos intestinais (estenoses), desnutrição, abscessos e até o aumento do risco de câncer intestinal. Este nível de remissão é o que oferece a melhor chance de uma vida saudável e sem limitações, protegendo o paciente de danos acumulativos à saúde intestinal.
Complicações da DII e a importância do cuidado contínuo
Além da oscilação natural da DII, a falta de controle adequado e de acompanhamento médico pode levar a complicações sérias e de difícil tratamento, como:
- Estenose: o estreitamento do intestino causado por cicatrizes que formam bloqueios e dificultam a passagem dos alimentos.
- Câncer de intestino: pacientes com DII apresentam um risco aumentado para o câncer de cólon, especialmente aqueles com longos períodos de inflamação ativa.
- Desnutrição e perda de peso: a inflamação contínua pode dificultar a absorção de nutrientes, levando a deficiências nutricionais importantes.
- Fístulas e abscessos: a DII pode provocar o surgimento de fístulas (canais anômalos entre partes do intestino ou entre o intestino e outros órgãos) e abscessos, que causam dor e infecções graves.
Para evitar essas complicações, é imprescindível que o paciente com DII tenha um acompanhamento médico regular e siga o tratamento conforme prescrito. Um cuidado multidisciplinar, incluindo o suporte de um nutricionista e, quando necessário, apoio psicológico, é essencial para manter o bem-estar e minimizar os efeitos da DII no dia a dia.
Resumindo…
Embora a Doença Inflamatória Intestinal ainda não tenha cura, é possível viver bem com a condição quando a remissão é alcançada e mantida. O caráter oscilante da DII exige acompanhamento médico contínuo para evitar complicações e para garantir que o tratamento seja ajustado sempre que necessário. A busca pela remissão endoscópica, segundo as diretrizes do STRIDE, representa o padrão ideal de cuidado, pois oferece a melhor chance de controle total da inflamação e de uma vida plena e saudável.
Se você ou alguém próximo vive com DII, saiba que o apoio médico e o autocuidado são fundamentais para que os desafios da doença não impeçam uma vida ativa e gratificante!
Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.brdranataliamilioligastro.com.br
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