Dra. Natália Junkes Milioli

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    Dra. Natália Junkes Milioli

    30/11/2023

A gastroenterite, ou diarreia infecciosa, é uma condição de saúde contagiosa que afeta o sistema digestivo, manifestando-se por sintomas como diarreia, náuseas e vômitos. Geralmente, surge em surtos, sendo mais comum durante o verão. Vamos agora explorar essa condição, desde suas origens até estratégias práticas para lidar com seus sintomas.

Quem são os Causadores da Gastroenterite Aguda?

A gastroenterite consiste na inflamação do trato digestivo desencadeada por um invasor que pode corresponder a um vírus como norovírus e rotavírus, ou uma bactéria como Salmonela, E. coli e Campylobacter, entre outros. Esses invasores frequentemente adentram o trato digestivo por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Vale ressaltar que a forma viral, frequentemente chamada de virose, é responsável pela maior parte dos casos, representando aproximadamente 80% das ocorrências.

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Como Ocorrre a Transmissão?

A transmissão ocorre principalmente pelo contato fecal-oral. Em termos simples, isso significa que a ingestão de partículas contaminadas, seja por água, alimentos ou contato direto com pessoas infectadas, é o ponto de partida para a infecção do trato gastrointestinal.

É vital compreender que a via de contaminação pode variar, desde o consumo de alimentos mal cozidos até a ingestão de água inadequadamente tratada. Esses microrganismos, uma vez no corpo, desencadeiam uma resposta inflamatória no sistema gastrointestinal, resultando nos sintomas característicos da gastroenterite, como diarreia, vômitos, e, em alguns casos, febre.

A prevenção, portanto, reside em práticas de higiene alimentar adequadas, como cozinhar os alimentos completamente, lavar cuidadosamente frutas e vegetais, e garantir uma fonte de água segura. Ao compreender a complexidade desses agentes causadores e adotar medidas preventivas, podemos minimizar o risco de contrair uma gastroenterite.

Todos Desenvolvem os Sintomas após o Contato?

A variabilidade na manifestação dos sintomas da gastroenterite após o contato com microorganismos está diretamente relacionada à complexa interação entre o agente causador e as características específicas da barreira intestinal de cada indivíduo.

A barreira intestinal, composta por diversas defesas naturais, como enzimas digestivas e células do sistema imunológico, desempenha um papel fundamental na prevenção da entrada e disseminação de microorganismos no trato gastrointestinal. A resposta imune e a eficácia dessas defesas podem variar significativamente de uma pessoa para outra.

Assim, mesmo que duas pessoas sejam expostas ao mesmo agente patogênico, a forma como o sistema imunológico reage e a eficiência das defesas naturais da barreira intestinal podem resultar em respostas distintas. Enquanto uma pessoa pode apresentar sintomas pronunciados devido a uma resposta imunológica mais robusta, outra pode experimentar sintomas mais leves ou até mesmo permanecer assintomática se suas defesas forem mais eficazes na neutralização do microorganismo invasor.

Essa variabilidade envolve a individualidade biológica e fatores como estado imunológico, saúde intestinal e genética, que desempenham papéis cruciais na determinação da gravidade da resposta à infecção por gastroenterite.

Sobre os Sintomas

Os sintomas, que incluem diarreia, vômitos, dor abdominal e febre, costumam se manifestar de 1 a 3 dias após o contato com o agente causador. Embora a maioria dos casos resolva espontaneamente em alguns dias, em situações mais intensas, a persistência dos sintomas pode se estender por uma semana ou até mais.

Geralmente, os primeiros sinais são febre, náuseas, vômitos, dor na região abdominal e sensação de estufamento. Em alguns casos, o quadro pode estagnar sem necessariamente evoluir para diarreia. Contudo, na maioria dos casos, os sintomas progridem dentro de 24-48 horas para o surgimento de diarreia líquida volumosa, com frequência evacuatória moderada a alta.

O tempo médio de duração dos sintomas é de aproximadamente 3 a 5 dias, mas em casos mais graves, pode se estender para 7 a 14 dias, sendo que a diarreia é geralmente o último sintoma a desaparecer. É importante observar a evolução dos sintomas e buscar assistência médica se houver persistência ou piora no quadro.

Diagnóstico Clínico: A Arte da Observação Médica

A boa notícia é que, na maioria dos casos, o diagnóstico da gastroenterite é clínico. Ou seja, o médico pode identificar a condição com base nos sintomas e histórico do paciente, sem a necessidade de exames. Mas, em alguns poucos casos específicos, testes laboratoriais podem ser solicitados.

Sinais de Alarme: Quando a Situação Pede Socorro Médico

Embora a maioria dos casos se resolva por conta própria, é crucial estar atento a sinais que indicam a necessidade de cuidados médicos imediatos, como desidratação severa, presença de sangue nas fezes, persistência de febre ou ausência de melhora após o tempo médio esperado de duração dos sintomas. Estes são indicadores importantes que demandam avaliação profissional para garantir uma abordagem adequada e evitar riscos maiores.

Fique atento aos sinais indicativos de desidratação. Em casos leves, podem surgir sensações de fadiga, dor de cabeça, boca seca e sede intensa. Entretanto, sinais mais acentuados incluem urina escura e diminuição da produção de urina, tonturas ao se levantar e, em casos avançados, confusão mental. Dessa forma, a pedra angular do tratamento é assegurar uma hidratação adequada do corpo, sendo essencial reconhecer e agir diante desses sinais para evitar complicações mais sérias. Se você não estiver conseguindo realizar a ingesta adequada de líquidos por conta das náuseas e vômitos, será necessário buscar um pronto atendimento.

Vale ressaltar aqui a importância de evitar o uso de medicamentos que bloqueiem a diarreia. Pense na diarreia como um mecanismo de defesa do organismo na tentativa de combate e expulsão do agente infeccioso. Bloquear este mecanismo pode aumentar o risco de complicações.

Dicas de Alimentação e Hidratação

  • Hidratação Constante: Beba água, água de coco, isotônicos, chás e caldos para evitar a desidratação. Uma dica prática é consumir ao menos 8 copos de água ao dia e repor líquidos sempre após uma evacuação diarreica.
  • Evitar Leite e Derivados: Durante a gastroenterite, muitas pessoas desenvolvem temporariamente intolerância à lactose, portanto, exclua transitoriamente o leite e seus derivados.
  • Opte por Alimentos de Fácil Digestão: Escolha alimentos leves e de fácil digestão, como arroz, bananas, maçãs e torradas (conhecidos como a dieta BRAT).
  • Evitar Alimentos Gordurosos e Irritantes: Fique longe de alimentos gordurosos, picantes e irritantes que possam piorar os sintomas.
  • Introduzir Alimentos Gradualmente: À medida que os sintomas diminuem, reintroduza gradualmente alimentos normais em sua dieta.
Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.br

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