A retocolite ulcerativa (RCU) é uma forma de doença inflamatória intestinal (DII) que afeta o intestino grosso e o reto. É uma condição crônica e autoimune capaz de causar inflamação e úlceras na camada interna do revestimento do intestino. Embora a causa exata da RCU ainda não seja totalmente compreendida, fatores genéticos, ambientais e imunológicos desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença.
O primeiro relato documentado de um paciente com sintomas semelhantes aos da retocolite ulcerativa remonta ao século XIX. Em 1859, Samuel Wilks, um médico britânico, descreveu o caso de um jovem paciente com diarreia persistente, dor abdominal e sangramento retal. Wilks identificou lesões ulcerativas no cólon durante uma autópsia, revelando uma condição até então desconhecida. Com o passar dos anos a retocolite passou a ser considerara uma entidade única, com uma evolução e tratamento específicos.
Esta condição pode ser diagnosticada em qualquer idade, no entanto, existem dois principais picos de incidência da doença. O primeiro pico ocorre entre os 15 e 30 anos de idade, afetando principalmente jovens adultos, e o segundo pico de incidência ocorre entre os 50 e 70 anos. Em relação às diferenças entre os sexos, a retocolite ulcerativa afeta homens e mulheres de maneira relativamente igual, sem uma predominância significativa em um sexo específico. Esses dois picos de incidência e a distribuição equitativa entre os sexos destacam a importância de considerar uma ampla faixa etária e ambos os sexos ao pensar neste diagnóstico.
Principais Sintomas
Os sintomas da retocolite ulcerativa variam de pessoa para pessoa e podem incluir:
- Diarreia: Diarreia persistente, muitas vezes com sangue.
- Dor Abdominal: Dor ou cólicas abdominais frequentes.
- Tenesmo: Sensação de urgência para evacuar, mesmo quando o cólon está vazio.
- Fadiga: Sensação de cansaço extremo.
- Perda de Peso: Perda de peso não intencional.
É importante destacar que o diagnóstico da retocolite ulcerativa leva em consideração a história clínica dos sintomas e a duração da sua apresentação. Em outras palavras, quando se suspeita de retocolite, estamos nos referindo a pacientes que apresentam os sintomas mencionados de forma persistente, por um período superior a três semanas. Esse critério de tempo é fundamental para diferenciar episódios transitórios de desconforto intestinal, de uma possível condição crônica como a retocolite ulcerativa.
Durante a evolução da doença, esteja atento aos sinais de alarme que devem motivar a busca por atendimento médico com brevidade. Alguns sinais e sintomas podem indicar complicações graves ou uma exacerbação da doença:
- Febre persistente
- Desidratação
- Dor abdominal intensa
- Sangramento retal significativo
- Perda de apetite ou incapacidade de comer
- Incapacidade de reter alimentos ou líquidos
Se você experimentar algum desses sintomas, é importante buscar atendimento médico imediatamente.
Diagnóstico
O diagnóstico da retocolite ulcerativa geralmente requer uma abordagem abrangente que inclui um histórico médico minucioso, exames físicos detalhados, testes laboratoriais e procedimentos de imagem, como colonoscopia e/ou sigmoidoscopia. Devido à complexidade da doença e à ausência de um único teste definidor, é comum que haja atrasos na confirmação do diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento. Nesse contexto, o diagnóstico muitas vezes se assemelha a um quebra-cabeça, no qual o médico analisa cuidadosamente uma variedade de informações para chegar a uma conclusão precisa. Essa abordagem holística é essencial para garantir a precisão do diagnóstico e o início oportuno do tratamento adequado.
Tratamento
Embora não haja cura para a retocolite ulcerativa, o tratamento visa controlar os sintomas, induzir a remissão e prevenir recidivas. As opções de tratamento podem incluir:
- Medicamentos: corticoides, imunossupressores e biológicos podem ser prescritos para reduzir a inflamação e controlar os sintomas a depender da intensidade e extensão da doença.
- Suplementos: Suplementos nutricionais podem ser recomendados para corrigir deficiências nutricionais.
- Cirurgia: Em casos graves ou quando outras opções de tratamento não são eficazes, a remoção cirúrgica do cólon (colectomia) pode ser necessária.
É essencial ressaltar que a retocolite ulcerativa é uma condição crônica que, atualmente, não possui cura definitiva. No entanto, é possível alcançar um controle eficaz dos sintomas. Isso pode ser realizado por meio do uso de medicamentos adequados ou mesmo pela natureza variável da manifestação dos sintomas ao longo do curso da doença. O acompanhamento médico regular é fundamental para ajustar o tratamento conforme necessário e garantir a qualidade de vida do paciente.
Dicas para um Estilo de Vida Saudável para Pacientes com Retocolite Ulcerativa
Viver com retocolite ulcerativa pode exigir ajustes no estilo de vida, mas seguir algumas práticas saudáveis pode fazer toda a diferença. Aqui estão algumas dicas para quem está em acompanhamento médico regular:
- Pratique atividade física: Incorporar exercícios físicos regulares na rotina pode ajudar a fortalecer o corpo, aliviar o estresse e auxiliar no controle da doença. Escolha atividades que sejam adequadas ao seu condicionamento e consulte seu médico antes de iniciar qualquer novo programa de exercícios.
- Mantenha-se hidratado: Beber bastante água é essencial para manter a hidratação e ajudar na saúde intestinal. Certifique-se de beber água ao longo do dia e evitar bebidas açucaradas ou com cafeína em excesso, que podem irritar o sistema digestivo.
- Adote uma alimentação variada e nutritiva: Priorize uma dieta rica em nutrientes, incluindo frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis.
- Opte por alimentos frescos e naturais sempre que possível, e evite alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas, açúcares e aditivos artificiais.
- Não Abandone o tratamento por conta própria: Mesmo durante períodos de remissão da doença, é crucial continuar o tratamento prescrito pelo seu médico. Não faça alterações na sua medicação sem orientação médica e discuta quaisquer preocupações ou desafios que você esteja enfrentando com sua equipe de saúde.
Enteder um pouco mais sobre a doença permite ao paciente identificar sintomas suspeitos e compreender, uma vez diagnosticado, a importância do tratamento e da boa relação com a equipe de saúde reponsável pelo cuidado. Dessa forma compartilhamos as reponsabilidades e o resultado final é alcançado de forma mais eficaz e segura. Lembre-se sempre de consultar regularmente seu médico e outros profissionais de saúde para um acompanhamento adequado da sua condição.
Espero que essas orientações sejam úteis para você. Até a próxima!
Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.brdranataliamilioligastro.com.br
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