Dra. Natália Junkes Milioli

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    Dra. Natália Junkes Milioli

    01/07/2024

A doença celíaca é uma condição autoimune que afeta cerca de 1% da população mundial. Para os portadores dessa condição, o consumo de glúten — uma proteína encontrada no trigo, cevada e centeio — provoca uma reação imunológica que danifica o intestino delgado, levando a uma série de sintomas desconfortáveis e, em alguns casos, graves. Atualmente, o único tratamento eficaz disponível é uma dieta rigorosa e totalmente livre de glúten. No entanto, os avanços na pesquisa médica têm trazido esperança para o desenvolvimento de novos tratamentos que possam proporcionar mais liberdade e qualidade de vida aos pacientes celíacos

Novos tratamentos?

Nos últimos anos, diversos estudos têm focado no desenvolvimento de medicamentos que possam ajudar a gerenciar a doença celíaca. Esses medicamentos se dividem em diferentes categorias, cada uma com um mecanismo de ação distinto. Alguns pesquisadores estão explorando a possibilidade de criar imunoterapias que modulam a resposta imunológica ao glúten, enquanto outros focam em enzimas que poderiam quebrar o glúten antes que ele cause danos ao intestino. Além disso, há estudos sobre medicamentos que visam fortalecer a barreira intestinal, reduzindo a permeabilidade e prevenindo a passagem de fragmentos de glúten que desencadeiam a reação autoimune.

Embora esses estudos sejam promissores, é importante esclarecer que, até o momento, nenhum desses medicamentos está disponível para uso clínico. A maioria está em fases iniciais de pesquisa ou em ensaios clínicos, o que significa que ainda pode levar anos até que sejam aprovados e comercializados. Além disso, a eficácia e a segurança desses tratamentos precisam ser rigorosamente testadas antes de serem disponibilizadas ao público. Portanto, a dieta sem glúten continua sendo a única opção segura e eficaz para o manejo da doença celíaca atualmente.

Atenção, não caia em golpe!

Um ponto que frequentemente gera confusão é a questão das enzimas digestivas. Muitos pacientes celíacos se perguntam se há enzimas disponíveis no mercado que permitam o consumo de glúten sem causar danos. A resposta, infelizmente, é negativa. Embora existam enzimas digestivas que auxiliam na digestão de vários tipos de alimentos, ainda não há enzimas capazes de degradar completamente o glúten de forma segura para pacientes celíacos. O desenvolvimento de tais enzimas está em estudo, mas, assim como os medicamentos, essas pesquisas estão em fases iniciais e ainda não resultaram em soluções viáveis.

Em resumo, apesar dos avanços significativos na pesquisa de medicamentos e tratamentos para a doença celíaca, ainda não há alternativas ao rigoroso regime de uma dieta livre de glúten. Pacientes celíacos devem continuar a evitar o glúten em sua alimentação diária e estar atentos a novos desenvolvimentos na área médica. Manter-se informado e em contato com profissionais de saúde é crucial para o manejo adequado da condição e para aproveitar os potenciais benefícios de futuros tratamentos que possam surgir.

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Consumir glúten, mesmo em pequenas quantidades, pode levar a uma série de complicações para indivíduos com doença celíaca. Além dos sintomas gastrointestinais imediatos, como dor abdominal, diarreia e inchaço, a ingestão contínua de glúten pode causar danos severos ao intestino delgado, resultando em má absorção de nutrientes. Isso pode levar a deficiências nutricionais, osteoporose, infertilidade, problemas neurológicos e aumento do risco de desenvolvimento de certos tipos de câncer, como linfoma intestinal. Portanto, atenção, volto a repetir, não existem tratamentos atualmente disponíveis e validados para tratamento.

Sem desânimo por aqui…

A adoção de uma dieta livre de glúten, embora desafiadora, traz inúmeros benefícios para os pacientes celíacos. A melhoria na saúde intestinal é notável, com a redução dos sintomas gastrointestinais e a recuperação da capacidade de absorção de nutrientes. Além disso, muitos pacientes relatam um aumento geral na energia e no bem-estar. É crucial continuar a seguir essa dieta rigorosamente e buscar apoio sempre que necessário, pois existem muitas opções e recursos disponíveis para ajudar na adaptação e na manutenção de uma alimentação saudável e sem glúten. A comunidade celíaca é forte e solidária, e o suporte de profissionais de saúde, familiares e amigos pode fazer toda a diferença!

Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.br

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