Dra. Natália Junkes Milioli

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    Dra. Natália Junkes Milioli

    11/11/2024

A Doença Inflamatória Intestinal (DII), que inclui a Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Doença de Crohn, é uma condição inflamatória crônica autoimune que, até algumas décadas atrás, apresentava opções limitadas de tratamento. No entanto, ao longo dos anos, observamos uma verdadeira revolução nas estratégias terapêuticas, o que resultou em melhores prognósticos e qualidade de vida para os pacientes. Vamos explorar essa evolução ao longo do tempo, destacando os principais marcos e como eles transformaram o tratamento da DII.

Anos 1950-1970: Início com Corticoides e Mesalazina

No início, o tratamento da DII era focado principalmente no alívio dos sintomas. Os corticoides foram uma das primeiras opções introduzidas para controlar a inflamação severa, sendo amplamente utilizados em crises agudas. No entanto, o uso prolongado desses medicamentos trouxe efeitos colaterais significativos, sendo hoje desconsiderada para o tratamento de manutenção, ou seja para uso contínuo.

Mesalazina (5-ASA): Nos anos 1960, a introdução da mesalazina marcou um avanço no tratamento da RCU leve a moderada. A mesalazina se tornou um dos pilares na indução e manutenção da remissão devido à sua ação anti-inflamatória local no intestino. Até hoje, é a primeira escolha para muitos pacientes com RCU leve a moderada, devido à sua eficácia e perfil de segurança.

Impacto: Melhora dos sintomas em pacientes com RCU leve, oferecendo uma opção de tratamento com menos efeitos colaterais em comparação aos corticoides.

Anos 1980-1990: A Era das Tiopurinas

Nos anos 1980, as tiopurinas, como a azatioprina e a 6-mercaptopurina, começaram a ser utilizadas como imunossupressores para controle da resposta autoimune em pacientes com DII. Elas se destacaram como opções eficazes para a manutenção da remissão, especialmente em pacientes com doença de gravidade moderada que necessitavam de um controle mais duradouro.

  • Azatioprina: Utilizada para reduzir a inflamação e manter a remissão a longo prazo. Ainda hoje, é uma escolha válida e pode ser combinada com terapias biológicas para potencializar a resposta terapêutica.

Impacto: Redução da necessidade de corticoides e controle da doença a longo prazo, diminuindo a progressão para complicações mais graves e a necessidade de cirurgias.

Anos 2000-2010: Revolução com Terapias Biológicas

A virada do milênio trouxe a introdução dos biológicos, uma classe de medicamentos que mudou drasticamente o tratamento da DII. O infliximabe, aprovado em 1998, foi o primeiro anticorpo monoclonal a agir bloqueando o TNF-alfa, uma proteína chave no processo inflamatório. A chegada de outros biológicos, como o adalimumabe e o golimumabe, ampliou as opções para pacientes que não respondiam às terapias tradicionais.

Início da Terapia Combinada: Estudos mostraram que a combinação de infliximabe com azatioprina poderia ser mais eficaz em alcançar a remissão e mantê-la do que o uso isolado de qualquer uma das medicações. Essa estratégia ajudou a evitar a formação de anticorpos contra o infliximabe, aumentando sua eficácia.

Impacto: Melhora significativa na qualidade de vida e na redução de hospitalizações, diminuindo a necessidade de intervenções cirúrgicas.

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2010-2020: Terapias Biológicas e Pequenas Moléculas

Nos anos 2010, surgiram outras opções de terapia biológica com mecanismos de ação mais específicos, como oVedolizumabe e o Ustequinumabe. Estes medicamentos oferecem opções para pacientes que não respondem ou apresentam efeitos adversos com os inibidores de TNF-alfa.

  • Vedolizumabe: Atua bloqueando a migração de células inflamatórias especificamente para o intestino, reduzindo os efeitos colaterais sistêmicos.
  • Ustequinumabe: Bloqueia interleucinas envolvidas na inflamação, sendo eficaz para pacientes com resposta inadequada a outros biológicos.

Além disso, os inibidores de JAK, como o tofacitinibe, representam uma nova classe de terapias orais, oferecendo uma alternativa aos pacientes que preferem evitar injeções ou infusões intravenosas.

Impacto: Maior personalização do tratamento, atendendo a subgrupos específicos de pacientes e oferecendo alternativas eficazes mesmo em casos de falha de múltiplos tratamentos.

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Hoje: Escolha Individualizada no Tratamento da Doença Inflamatória Intestinal e Foco na Qualidade de Vida

Atualmente, o tratamento da DII é altamente personalizado. A escolha entre mesalazina, tiopurinas, biológicos ou inibidores de pequenas moléculas depende de vários fatores, incluindo a gravidade da doença, características individuais do paciente e resposta a terapias anteriores.

A evolução das opções terapêuticas permitiu um manejo mais eficaz da DII, transformando uma condição que antes limitava severamente a vida dos pacientes em uma doença que, quando bem controlada, permite uma vida plena e ativa.

Na presença de sintomas persistentes busque uma avaliação com o gastroenterologista. O diagnóstico precoce é peça fundamental para o sucesso terapêutico!

Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.br

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