Eu tenho úlcera gástrica, e agora?

Motivo de preocupação e estresse entre os pacientes é ler no seu laudo de endoscopia a palavra úlcera. Então, nada mais importante que a informação para entendermos melhor o que está acontecendo e quais os riscos! Vamos juntos?

Primeiro de tudo: o que é uma úlcera? Lembra-se da sua infância, quando você corria para todo lado e eventualmente voltava pra casa com o joelho machucado? Antes da queda sua pele estava intacta, acobertando estruturas profundas e protegendo você de todo o tipo de bactéria, e após um insulto, abre-se uma ferida. Ela vai doer e pode inclusive sangrar bastante, não é?

Bom, agora imaginemos a parede do seu estômago, lisinha, íntegra e protegendo as estruturas mais profundas como vasos sanguíneos, tal qual sua pele, quando de repente, por algum motivo, surge uma ferida, um espaço de descontinuação da mucosa do estômago, onde há inflamação intensa. A isso chamamos úlcera. E sim, essa também vai doer e pode sangrar bastante.

Quais as principais causas de úlcera?

Dito isso, passamos para próxima etapa, quais são suas causas? No mundo, as duas principais causas são o uso de anti-inflamatórios e a infecção pela bactéria Helicobacter Pilory.  E aqui devemos dar atenção especial ao uso de anti-inflamatórios, pois são uma classe de medicamentos utilizados para controle de dor e que podem ser facilmente encontrados nas caixinhas de remédios que guardamos em casa para situações de emergência.

É importante ressaltar também alguns outros fatores, que não isoladamente, mas em conjunto com o uso de anti-inflamatórios ou na presença da bactéria, podem aumentar o risco de formação de úlcera, como consumo de bebidas alcóolicas, estresse e o tabagismo. Existe ainda uma condição rara, chamada de síndrome de Zollinger Ellinson, na qual o portador é capaz de produzir grandes quantidades de suco gástrico com PH ainda mais ácido que o usual, o que, por sua vez, danifica a parede do estômago aumentando o risco de formação de úlceras.

Quais os principais sintomas?

Segue abaixo os 4 principais sintomas relacionados a doença ulcerosa péptica:

• Dor abdominal: Geralmente localizada na região superior do abdômen. A dor pode ser descrita como uma sensação de queimação ou desconforto.
• Indigestão: Desconforto após comer, acompanhado de sensação de plenitude e inchaço.
• Perda de peso involuntária: Em casos graves, úlceras gástricas podem levar à perda de peso não intencional devido ao medo de se alimentar e à dor.
• Em casos mais severos pode haver sangramentos manifestos por vômitos contendo sangue ou fezes enegrecidas e mal cheirosas.

Dúvidas sobre o diagnóstico

O diagnóstico será feito a partir da descrição dos sintomas junto ao médico e de forma definitiva por endoscopia digestiva alta, que permite não só a visualização da úlcera, como também a coleta de biópsias para pesquisa de H. pylori e sua análise microscópica.

Agora, atenção! Grande parte das úlceras gastrointestinais são denominadas pépticas, ou seja, benignas e, portanto, causadas pelos fatores acima citados. No entanto, é também verdade que o câncer gastrointestinal pode se apresentar da mesma forma, e por isso a necessidade de biópsias durante o exame endoscópico. Felizmente, o câncer corresponde a minoria dos casos e é necessário maior atenção para àqueles pacientes que possuem história familiar de câncer gástrico em parentes de primeiro grau.

Tratamento

Depois de estabelecida a causa da úlcera chega o momento do tratamento. A base para maioria das terapias, além, é claro, da exclusão dos fatores de risco, é o uso de uma classe medicamentosa conhecida como inibidores da bomba de próton, sendo o omeprazol o mais popularmente conhecido. Quando for estabelecida que a infecção pelo H.Pylori é a causa da úlcera, o uso dos inibidores de bomba de próton, deve vir acompanhado da terapia antimicrobiana. O tempo de tratamento e a dose irão depender da severidade da doença e da sua causa, portanto, é importante consultar um médico especialista de sua confiança para orientá-lo nessa jornada.

Uma dúvida bastante recorrente é com relação a dieta. Infelizmente não existem alimentos específicos capazes de promover cicatrização ou melhora da úlcera comprovados cientificamente, mas é importante, não só durante a terapia, mas também no seu hábito alimentar, evitar o consumo excessivo de bebidas alcóolicas, tabagismo, alimentos ultraprocessados e embutidos!

Se você reconhece algum desses sintomas, esteja atento e não sofra em silêncio, procure um gastroenterologista de sua confiança e inicie o melhor tratamento para você.

Natália Junkes Milioli – Doctoralia.com.br

dranataliamilioligastro.com.br

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